Essa é uma daquelas perguntas que sempre volta à tona. Quem nunca ouviu por aí que “leite inflama”? No meio de tanto ruído nas redes sociais, é fácil se confundir e até se sentir culpado por incluir o leite no dia a dia.
Antes de sair cortando o leite do cardápio por medo de “inflamação”, é fundamental entender o que esse termo realmente significa no contexto da nutrição e da fisiologia do corpo humano.
Inflamação é, basicamente, uma resposta natural do organismo a um agente que ele interpreta como uma ameaça. Essa resposta pode ser benéfica e necessária, como quando combatemos uma infecção, ou pode se tornar prejudicial, quando ocorre de forma desregulada ou contínua.
Nem sempre. É aí que entra uma questão-chave: o problema muitas vezes não está no alimento isoladamente, mas na forma como o corpo responde a ele. Isso depende de vários fatores como:
1.
Capacidade digestiva individual
2.
Nível de atividade física
3.
Estado metabólico (sensibilidade à insulina, saúde intestinal, etc.)
4.
Combinação e quantidade dos alimentos ingeridos
Por isso, antes de apontar o dedo para o leite ou qualquer outro alimento como responsável por “inflamar o corpo”, é necessário olhar para o quadro completo: o contexto alimentar, o estilo de vida e o funcionamento do organismo como um todo.
“Leite não inflama, tá? […] Você pode ter uma resposta inflamatória aumentada para alguns alimentos… mas isso pode acontecer até com verdura.” ─ Paulo Muzy
Um dos pontos mais importantes — e que muita gente deixa de considerar — é que a forma como o corpo reage aos alimentos está diretamente ligada à rotina, ao nível de atividade física e ao metabolismo individual. O leite, nesse contexto, não é um problema por si só, mas sim uma parte do todo.
Pessoas com alta demanda energética, como atletas ou praticantes de treinos intensos, possuem um metabolismo mais eficiente. Isso significa que elas têm maior capacidade de digestão, absorção e aproveitamento de nutrientes, inclusive os vindos do leite e seus derivados.
Mais importante do que seguir regras genéricas, é entender que a dieta deve acompanhar a rotina, os objetivos e a capacidade do organismo. O que funciona para um atleta de elite pode ser exagero para quem treina três vezes por semana.
Por isso, em vez de excluir alimentos com base em mitos, o ideal é ajustar quantidade, frequência e combinação de acordo com o seu perfil. E claro, sempre que possível, com o acompanhamento de um profissional.
A inflamação crônica está muito mais ligada ao padrão alimentar como um todo do que a um alimento específico
Ou seja, não é o leite, o arroz branco ou o pão que “inflamam” por si só. O problema está no excesso constante, na baixa qualidade geral da dieta e na incapacidade do organismo de lidar com aquilo, especialmente quando associado a sedentarismo, estresse e sono ruim.