Quando o assunto é nutrição esportiva, não faltam ideias e modismos nas redes sociais. Um dos mais recentes (ou melhor, recorrentes) é o uso de doce de leite como pré-treino.
A alimentação que antecede o treino tem um papel essencial no desempenho físico. Não se trata apenas de matar a fome ou ingerir qualquer tipo de energia, mas de oferecer ao corpo os nutrientes certos para suportar a intensidade do esforço físico, sem causar quedas de rendimento ou desconfortos.
Os carboidratos são, em geral, a principal fonte de energia para atividades físicas. No entanto, a qualidade desses carboidratos faz toda a diferença. Enquanto os complexos oferecem liberação gradual de energia, os simples, como o doce de leite, provocam uma elevação rápida da glicose no sangue.
Essa resposta acelera a liberação de insulina, o que pode gerar um efeito contrário ao esperado: uma queda brusca de energia logo após o pico glicêmico.
Por mais gostoso e aparentemente energético que seja, o doce de leite não é uma boa escolha quando falamos em alimentação pré-treino. Isso porque ele é um alimento com alto índice glicêmico, o que significa que sua absorção pelo organismo é muito rápida.
Esse tipo de alimento eleva de forma brusca os níveis de glicose no sangue, obrigando o corpo a liberar uma grande quantidade de insulina para tentar equilibrar essa subida repentina.
O resultado é um efeito de queda também rápida nos níveis de energia. O corpo sai de um pico de disposição para uma sensação de cansaço e fraqueza, comprometendo o rendimento logo nos primeiros minutos do treino.
O índice glicêmico é um fator que influencia diretamente a forma como o corpo responde à alimentação antes do treino. Ele mede a velocidade com que os carboidratos de um alimento elevam a glicose no sangue.
Quanto mais alto o indice, mais rápida é essa elevação e, com ela, vem um aumento intenso na liberação de insulina. Essa resposta hormonal pode gerar um efeito de queda brusca de energia logo após o pico, o que compromete a estabilidade da performance durante o exercício.
Quando o objetivo é treinar com energia do início ao fim, faz muito mais sentido escolher fontes de energia que ofereçam estabilidade e controle metabólico.
Diferente dos alimentos de rápida absorção e alto índice glicêmico, existem alternativas que mantêm os níveis de glicose no sangue mais equilibrados, garantindo uma liberação gradual de energia ao longo do treino.
Fontes como castanhas, frutas combinadas com aveia, ou até mesmo refeições líquidas com boa densidade calórica e nutricional podem ser boas opções.
Outra possibilidade são os suplementos formulados como pré-treino, que combinam nutrientes energéticos com compostos que aumentam o estado de alerta, como a cafeína.
Esses produtos são úteis para quem treina em horários de maior cansaço, como cedo pela manhã ou no fim do dia, quando a fadiga já está acumulada. O importante é sempre observar a resposta individual e, quando possível, contar com orientação profissional para fazer a melhor escolha.
Inserir doce de leite no pré-treino pode parecer uma escolha inocente, mas compromete o desempenho e atrapalha os resultados. Energia de verdade vem de alimentos estratégicos e bem escolhidos. Cada refeição deve estar alinhada ao objetivo. Treinar bem começa antes mesmo de pisar na academia.